1. Há mil e uma razões que explicam o recuo dos professores. Vou apontar algumas.
2. Os professores foram o único grupo profissional que aguentou uma guerra de desgaste com um Governo de maioria absoluta durante quase quatro anos.
3. Não é possível estender durante muitos anos uma guerra contra um Governo que dispõe de maioria absoluta e que faz uso da propaganda, da ameaça e da demagogia como nenhum outro fizera até então.
4. Não é possível resistir durante muito tempo a um adversário que faz uso da guerra total, que usa todos os instrumentos repressivos ao dispor e que ataca simultaneamente em todas as frentes. O Governo, o ME, as DREs e a DGRHE foram a mais formidável máquina de guerra alguma vez usada, no nosso país, contra uma profissão. Conseguiram fazer recuar os professores mas romperam definitivamente a confiança que os professores tinham na administração educativa, quer a do topo quer a intermédia.
5. A fraqueza do maior partido da oposição tornou quase impossível a vitória dos professores sobre o Governo. Quando o PSD escolheu Manuela Ferreira Leite para líder, disse ao país - e os professores ouviram - que não estava na luta para ganhar eleições, mas apenas para sair delas com uma derrota pouco pesada. Foi a partir dessa altura que os professores começaram a perder a esperança de derrotarem Sócrates e o PS.
6. O Governo aproveitou a desistência do maior partido da oposição para lançar duas poderosas armas sobre os professores: o decreto regulamentar 1-A/2009 (regime simplificado de avaliação de desempenho) e o decreto regulamentar 1-B/2009 (que fixa os suplementos remuneratórios dos directores). Com essas duas armas, o ME atirou para cima dos conselhos executivos a responsabilidade pela avaliação dos professores e envolveu-os numa manobra de sedução.
7. Quer isto dizer que os professores saíram derrotados? Só o saberemos em Outubro. Se o PS perder a maioria absoluta, a resposta é negativa. Se voltar a ganhar a maioria absoluta, a resposta é positiva.
8. E o que fazer até lá? Não há muita coisa que os professores possam fazer porque dois terços desistiram da luta quando entregaram os objectivos individuais. Lamento dizê-lo, embora saiba que a maioria o fez com lágrimas nos olhos. Até ao final do ano lectivo, talvez os sindicatos e os movimentos consigam mobilizar trinta ou quarenta mil docentes para uma nova manifestação em Lisboa. Receio que não seja possível mais do que isso.
Texto retirado do Blog Prof. Avaliação
Texto retirado do Blog Prof. Avaliação
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