junho 10, 2005

Que Europa é esta?

Que Europa é esta?
Sempre o homem sonhou!..
Sonhou com promessas que foi ouvindo e foi também criando as suas expectativas e esperanças. Só, que em cada etapa que parece conseguida, vem depois o ribombar do fracasso e os gritos do sofrimento da esperança perdida.
Ainda há pouco anos, ouvia-se por essa Europa fora, a voz dos aplausos aos inventores das máquinas cada vez mais sofisticadas e mais capazes que iriam permitir mais descanso, mais qualidade de vida, mais tempos livres para o desporto, o recreio, a cultura e a família.
Com uma Europa a unir-se em torno de certos valores, parecia que o sonho do homem se concretizava, os horários de trabalho foram reduzidos, os vencimentos aumentaram e baixaram-se as idades de reforma.
Pura ilusão!..
O que se vê é a máquina a expulsar o homem, criando o desemprego, a infelicidade nas famílias, o povoamento de ruas de farrapos humanos, o engrossamento de legiões de pedintes que sem abrigo povoam as ruas do desespero, a insegurança nos rostos infelizes de um amanhã perdido.
Afinal, onde está a civilização ocidental com valores que tantos (alguns) apregoam de esperanças de uma vida melhor?
Que Europa é esta que prometeu riqueza, felicidade, trabalho, solidariedade, mais qualidade de vida e que apenas vai criando miséria, infelicidade, insegurança, egoísmo e desemprego?
A França e a Holanda já disseram não!
Exigem outras soluções. Exigem que a tal Europa dos valores que tanto se apregoa tem que ser para todos. Esta Europa, que estes políticos têm vindo a construir, é boa, sim, mas para as grandes empresas, as multinacionais, o grande capital e seus correligionários, mas cada dia pior para os cidadãos que necessitam de trabalhar para poderem terem um mínimo de condições.
Assim não!.. é preciso parar, pensar e repensar a Europa que se pretende e para todos.
Ag

4 comentários:

Anónimo disse...

O que se passou é que os dirigentes que mandam na Europa quiseram dar um passo maior que a perna e estatelaram-se ao comprido. A Europa tem que reforçar a sua União, se quer que o seu modelo económico-social, mais humano que o Americano e infinitamente mais humano do que o das potências emergentes da Ásia, sobreviva. Mas uma tarefa tão importante e tão complexa não pode ser levada a cabo com a distância que tem separado a casta dirigente iluminada do Zé Povo europeu. Já antes tinha ameaçado correr mal, em anteriores tratados, mas desta vez o empecilho não foi um pequeno país, a quem se poderia dar facilmente a volta, como quando pressionaram a Irlanda a votar outra vez, até dizer sim. Numa altura de crise económica e social, em que o governo francês tem procurado retirar direitos aos trabalhadores, era natural que isto acontecesse. Muitos dizem que os franceses não disseram não ao tratado, mas ao governo francês, mas não será bem assim porque havia a percepção de que o Tratado Constitucional ia ao encontro dessas políticas. É preciso ver que a chamada constituição europeia menciona centenas de vezes a palavra "mercado" e a palavra "concorrência" e apenas aparece três vezes a expressão "progresso social". É claro que no não couberam muitos nãos, basta ver que houve não na extrema direita e houve não na extrema esquerda e houve não numa parte do partido socialista. Os referendos podem ter os seus méritos, porque dão voz ao povo, e porque põem toda a gente a discutir e a tentar esclarecer-se, mas têm este problema das coligações do não, por razões completamente diferentes. Por outro lado só se pode responder "sim" ou "não" em relação a assuntos extremamente complexos e a própria pergunta é necessariamente muito limitada. Terá que se inventar formas mais eficazes dos eleitores poderem participar nos processos de decisão, se considerarmos que a democracia representativa já não é suficiente. Por exemplo, os plíticos antes de tomarem decisões importantes deviam ler as opiniões expressas neste blogue.
Manuel Martins

arte disse...

É certo micróbio, mas foi um "não" à constituição europeia e daqui se pode tirar muitas ilações.Só quem não quer ver é que diz que não haverá consequências no tratado.Ag

arte disse...

Manuel Martins, vejo que tens em muita consideração as opiniões deste blog, para fazeres referência que os politicos antes de legislarem sobre matérias importantes deveriam ver este blog e terem em consideração as suas opiniões.Vindo de quem expressa a sua opinião "sem papas na lingua" digo que é muito importante esta tua observação.
Quanto ao referendo em si e o não da França e da Holanda, deixo a observação de que a França e a Holanda são dois dos seis países fundadores do projecto europeu , há já algumas décadas e são duas democracias traquejadas onde há muito funciona um estado de direito.Digo também que os Franceses e Holandeses não são estúpidos e estão bem atentos ao que se passa e se votaram "não" é porque o projecto europeu nada tem a ver com os principios da sua fundação. Algo está errado e não é o povo que é estúpido.Ag

Anónimo disse...

Não acredito que o povo Francês e Holandês esteja cego. Até parece que mais países iam seguir o mesmo caminho se não fossem os malabarismos que as democracias também têm e são vão votar quando virem que existe condições para o "sim" ganhar.Algo se passa de errado nesta União Europeia que até nem consegue aprovar uma constituição.António