abril 19, 2005

Que se passa?

Que se passa?
Hoje, fiquei extremamente surpreendido com uma notícia na TV dos serviços do Ministério da Educação de que cerca 20% dos professores se tinham enganado nos boletins de concurso, ou seja 1 em cada 5 professores ou não sabe ler ou então não sabe trabalhar com os dados informáticos das novas tecnologias.
Que é que se pode esperar da reacção dos países europeus? Afinal o mal não é dos alunos portugueses quando lhes são pedidas provas de competência! O mal já vem de cima dos próprios professores que nem sabem preencher correctamente um boletim de concurso.
Parece-me que entramos numa cultura “do mais ou menos” ou seja, nem verdadeiro nem falso e a falta de rigor com que lidamos com o que se passa leva-nos a estes resultados. Será que é mesmo a falta de rigor dos professores no preenchimento do boletim de concurso ou será que alguém quer acusar os professores desta falta de rigor e já está a lançar as tais farpas como tantos outros que abundam por aí.
Era o que faltava!. Já não bastava nesses relatórios europeus os alunos portugueses estarem no top dos menos competentes como os professores passarem a figurar nesse mesmo top.
Estamos mesmo a bater por baixo.
Ag.

16 comentários:

arte disse...

Agostinho, a minha mulher foi uma das que viu invalidada a sua candidatura e curiosamente não se encaixa no padrão que caracterizas de professora "burrinha". 1º - nada diz no regulamento de candidatura que um dos documentos que se deve apresentar é a fotocópia do BI... fala numa série de documentos a apresentar excepto no BI. Bem sei que poderão dizer que esse documento é natural que fosse obrigatório... mas tb posso dizer o mesmo de todos os outros documentos que apontam como obrigatórios para validar o processo (fotocópias de certificado de habilitações, etc...)... portanto, neste caso o "burrinho" talvez seja quem escreveu tal regulamento; 2º - o número de dias que apontou na candidatura não coincidiu com as contas do responsável pela validação (achou uma diferença de 10 dias), quando um dos documentos que apresentou foi precisamente uma declaração do estabelecimento de ensino onde ela tinha leccionado anteriormente onde vinha apontado "claramente" o núemro de dias correspondentes. Portanto o "burrinho" quem será? E pronto, aqui tens as "picuinhices" que serviram para invalidar uma candidatura de uma professora a quem tu com este post acabaste de "rotular" de "burrinha"... mas hoje tenho mais com que me contentar do que estar preocupado com "picuinhices" destas!

arte disse...

Esqueci-me de assinar o comentário anterior...
Carlos Tavares

maresia disse...

pano para mangas...
acho que quando aqui vimos, expressamos o que estamos a sentir no momento, e a verdade é que há muitas verdades. o ensino não está bem, isso já sabemos, mas o sistema também não. só não sabemos por onde começar. criticar só não chega, é preciso alguém que dê ideias. eu, assumo já, que não as tenho e por isso não as exijo, só peço encarecidamente a quem quer que seja que se chegue à frente

Anónimo disse...

Quantos se enganaram a preencher os boletins de IRS? Serão incompetentes?
Não se pode avaliar uma classe por erros que são cometidos a preencher boletins virtuais cheios de picuinhices... já sabem: não gosto de generalizações ehehe
Stela

arte disse...

Carlos longe de mim tal pensamento e se leres bem verificarás a ironia do post. O Miguel Sousa Tavares ainda há pouco tempo escrevia no jornal o público que os professores tinham mais férias que dias de trabalho.Agora surge esta noticia dos serviços do Ministério da Educação rotulando os professores de não saberem preencher um boletim de concurso.Parece-me ser coincidências a mais e deve andar marosca no ar para tramar esta classe.Ainda não consegui deslindrar o fio da meada mas deve estar por pouco e quando for revelada vai ser com estrondo.Ag

arte disse...

Stella, não estou a avaliar ninguém só estou a tentar despoletar a discussão à volta deste tema, porque parecem-me ser coincidências a mais o que se passa contra esta classe.Não será antes uma forma de eliminar milhares de professores do ensino e assim começar-se a reduzir a função pública.Ag

Anónimo disse...

Mas uma coisa é certa o rótulo de não saberem preencher o boletim de concurso já ninguém lhes tira.Se o formulário era assim tão complicado porque é que não foram alertados para o facto.Agora até vão dizer que não vão ser prejudicados mas em todo caso serão sempre acusados de não saberem preencher o formulário e o pior é que isto generaliza-se.Passam a ser todos os professores.anónimo

Anónimo disse...

Para o Agostinho, se este incidente acontecesse no tempo de um governo de direita, a culpa, naturalmente, seria do governo; caso contrário, a contecer (como é o caso) num governo de esquerda, aí, meus amigos, a culpa é dos professores.

Anónimo disse...

Acho dificil que se eliminem professores por erros nos concursos, yet, o ano passado isso aconteceu. Bem, quem está instalado é dificil de desalojar... só se começarem a reformar mais cedo.
Stela

arte disse...

Para o Zé:
Todos sabemos que os formulários e as regras do concurso não foram feitas por este governo.Não tenho nada que defender o governo mas também não se lhes pode ser imputadas responsabilidades na elaboração de um formulário que nada teve a ver com eles.Se eu quisesse defender o governo diria, "alguém do governo disse que os professores não vão ser prejudicados por causa de um formulário destes". Eu só digo que é preciso estar alerta para nimguém ser surpreendido.Ag

arte disse...

Para o David:
Se as culpas não são do anterior governo por ter elaborado estes formulários e se o actual não tem responsabilidades na elaboração do mesmo formulário, então de quem será a culpa dos formulários estarem incorrectos?Ag

Anónimo disse...

Quando é que o governo tomou posse? Quando é que os professores se candidataram através dos tais formulários? O que é que o governo disse ao tomar posse sobre o concurso de colocação de professores?
A culpa dos formulários já está atribuída. Há prioridades quando se toma posse... Esta esatava lá, e correu mal.

Anónimo disse...

Uma coisa é certa, a forma como o jornalista da tv deu a noticia com aquele sorriso irónico.....Ag

Anónimo disse...

Acho engraçado que quando se debata um tema tão comezinho quanto um formulário, a culpa dele estar mal formulado seja do governo, seja ele de direita, esquerda, de cima ou de baixo. Aposto que nenhum ministro lhe pôs a vista em cima e se pusesse provavelmente o resultado seria o mesmo, porque provavelmente a formação do dito não seria suficiente para perceber se o formulário induzia em erro ou não.

Por outro lado, quando se fala de erros, é importante perceber de que erros se trata. Se o problema é não ter anexado um documento, isso é uma coisa, se é outro tipo de erro mais ligado ao formulário, é outra.

Também não partilho das visões conspiratório-cataclismicas sobre a perseguição aos professores. Seria espantoso que fossem introduzidos problemas de funcionamento no boletim só para os tramar, e ainda por cima em conluio com o Sousa Tavares...

Cá por mim acho que as razões podem ser muito mais simples:
- estes impressos nunca são fáceis de preencher
- as regras mudam todos os anos (com o IRS mudam!!!)
- a concepção informática pode não ser a melhor
- por muito que custe, algumas pessoas (novas e menos novas) ainda não estão familiarizadas com a Net e o uso de um browser.

Acho, por isso, que esta coisa dos erros deve ser vista com a dose necessária de ponderação e bom senso, e os responsáveis pela criação informática do processo de registo deviam estudar as causas dos erros e procurar minimizá-las no futuro.

Anónimo disse...

Nada que não se resolva!Já que os responsáveis nunca chegarão a ser responsabilizados pelo menos o bom senso prevalecerá.Ag

ocontradito disse...

De http://ocontradito.blogspot.com

Escola a Tempo Inteiro

Não gosto de Vital Moreira. Das suas opiniões, bem entendido. Sendo um dos “pais” da Constituição, é frequente vê-lo numa posição demasiado conservadora para o meu gosto. Como qualquer pai, defende (bem) o seu filho até às últimas. Mesmo que, com a passagem do tempo, essa Constituição esteja completamente inadaptada ás novas realidades sociais e globais.

Não gosto de Miguel Sousa Tavares. Aqui não só das suas opiniões. É uma pessoa que se nota ter uma grande revolta contra a vida e contra a sociedade, disparando para todos os lados. Muitas vezes sem conhecimento dos assuntos.

Mas como todos, umas vezes acertam.

Quanto a Miguel Sousa Tavares, há algumas semanas dissertou no Público sobre a “nossa” Educação. Identificou uma grande parte dos nossos problemas. Mas, dias depois, perante o “bombardeamento” de opiniões indignadas da corporação atingida, quase se veio retratar em público, retirando-se, depois, com o “rabo entre as pernas”.

Vital Moreira elege (e bem) a intenção (é demais chamar-lhe medida) do Governo de Sócrates em alterar a oferta de ocupação de tempos livres para as crianças em idade de frequência do 1º Ciclo do Ensino Básico. Centrando-a nas Escolas e não em estruturas avulsas chamadas ATLs, sem qualidade e acessíveis apenas a quem as pode pagar (a professores e educadores que acumulam serviço particular depois da sua actividade lectiva na Escola, mas em pleno horário não lectivo). Não demorou nada e foi, também, cilindrado pelos corporativistas que já se colocaram barricados, de pé atrás, inviabilizando, à partida, qualquer solução.

http://anomalias.weblog.com.pt/arquivo/103853.html

Nesta reacção fica claro qual é o grande problema da Educação em Portugal. Nada mais, nada menos do que as corporações docentes, nomeadamente os sindicatos. Nem todos os professores são coniventes com os discursos sindicais, mas todos se mantém silenciosos atendendo ao sucesso que têm tido todas as suas (dos sindicatos) iniciativas de “conquista” de benesses.

Os professores portugueses ganham muito (o dobro da média europeia em relação ao PIB). Não estão no seu local de trabalho durante todo o seu horário, nem cumprem os dias de trabalho exigíveis. Isto ao contrário do que ocorre na maioria dos países europeus. Não estão sujeitos a controlo de produtividade (que resultados obtêm para os seus alunos), a sua formação tem como objectivo não o seu conteúdo, mas a sua consequência: os créditos que lhes permitem evoluírem livremente pela sua carreira até ao topo. Onde todos chegam.

Não aceitam qualquer distinção pelo mérito, por que isso traria consequências para os não distinguidos. Para haver quem mereça torna-se necessário identificar quem não merece e isso parece ser um “sapo difícil de engolir” pelos sindicatos igualitários. Assim, não há vantagem em ser melhor…

Mandam nas escolas onde os colegas dirigentes (eleitos por eles) “criam” uma escola dos professores em prejuízo de uma escola para os alunos. Como deveria ser. Fica tudo na mesma “panela” e nada evolui. Com as consequências que se conhecem. Com os resultados que temos. Com o prejuízo da nossa população e da nossa economia.

Portugal aplica muito dinheiro na Educação. Mais de 6% do PIB. Acima de muitos países europeus. Mas, como os ordenados docentes são uma autêntica esponja em Portugal (o custo com pessoal deve levar, só por si, 80% desses 6%), ficam, para as restantes despesas (estruturas, equipamentos, acção social, etc.) uns meros 0,12% do PIB. Em média, na Europa, os docentes custam metade. E estão na escola durante todo o seu período diário de trabalho (uma parte com actividades lectivas, outra com outras actividades, com ou sem os alunos). Considerando que custam metade do que em Portugal, consomem, não 80% mas apenas 40% dos custos educativos. O que liberta, para as restantes despesas, não 0,12% do PIB (em Portugal), mas 0,52% do PIB (média europeia). Ou seja, para investir na educação (retirados os custos com os docentes) mais 300% do que é aplicado em Portugal, mesmo desconsiderando que o PIB Português é menor do que a média europeia…

Outro problema: os colunistas nacionais, que escrevem nos diários e semanários, que falam na rádio e aparecem na televisão pouco ou nada percebem de Educação. E fogem desse assunto. É um sector muito próprio e fechado. Quando se arriscam, apanham “cacetada” (veja-se os dois exemplos recentes, acima indicados) e acabam, por, experimentada a “lição”, nunca mais se meterem no assunto.

Resta quem? Os doutorados em Educação e os corporativos. Que nada acrescentam de novo, mas “fazem” toda a opinião sobre o assunto. Sozinhos, sem contraditório. E, todos nós, portugueses, alegremente, a caminho do insucesso educativo… Porque, infelizmente, chegamos a um ponto em que é necessário impor que a lei seja cumprida e que as interpretações abusivas dos sindicatos sobre as leis vigentes sejam contestadas.

Quanto aos problemas desta iniciativa, já nos referimos em artigo anterior.

http://ocontradito.blogspot.com/2005/04/escolas-primrias-com-horrio-alargado.html

É das tais que o Governo manda, mas nada faz. Legisla, para outros cumprirem. Sem estudar e avaliar as questões. Por exemplo, pelos dados do ministério, 3.427 escolas de 1º Ciclo têm até 24 alunos. São 1.788 escolas as que têm entre 25 e 79 alunos. E restam 1.114 escolas com 80 ou mais alunos. Neste panorama, ninguém entende que, primeiro é necessário reordenar a rede escolar?

Finalmente, esta questão está resolvida na Madeira.
Terá o Sr. Dr. Vital Moreira a capacidade de engolir o sapo e apontar uma medida tomada por Alberto João Jardim, já há dez anos, como referência?

E, estudando essa medida, começar a perceber porque é ele eleito, sucessivamente, pela sua população?