"Se usar camisa não comunga, que isto é mesmo só para descamisados".
Muito provavelmente é por esta atitude que este padre está sem dizer missa há já algum tempo. Imaginem o que é o tipo antes de dar a sagrada comunhão perguntar aos fieis: eih vocês aí em baixo, qual de vocês F... sem camisa?". Depois admirem-se que os Ingleses nos considerem um país do terceiro mundo.
LS
março 02, 2005
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15 comentários:
Luis eu partilho a opinião do padre: sem camisa e principalmente sem peúgas
Com o devido respeito permito-me precisar o que o Luís escreveu no post. O que o digníssimo representante da Igreja Católica escreveu e publicitou em vários órgãos de comunicação social sob o título "Participação aos interessados" foi a sua intenção de nagar a eucaristia a "todos aqueles católicos que manifestamente têm perseverado em advogar, contribuir para, ou promover a morte de seres humanos inocentes" (...) "através de diversas pílulas, do DIU, da pílula do dia seguinte, (...) por meio de técnicas de fecundação extra-corpórea, da selecção embrionária, da crio preservação, da investigação em células estaminais embrionárias, da redução fetal, da clonagem". A este fantástico texto acrescentou mais algumas pérolas... Devo dizer que sendo este um anúncio apenas destinado aos interessados, não me interessa particularmente até por que diz respeito aos católicos, coisa que eu decididamente não sou. Mas, gostava de registar aqui que, para varias estou de acordo com o Carlos Tavares: O referido Padre limita-se a "por em prática" o que diz o cânone 915 do Direito Canónico. É por coisas como estas que eu tenho escrito várias vezes neste blog referindo-me a intolerância da Igreja ... que melhor argumento poderei apresentar do que a própria voz da Igreja a falar por mim??? Jorge Lourenço
Olá vou deixar o meu pensamento sobre esse assunto. O que esse padre disse foi tão-somente uma das leis da igreja que ele congrega, cada um faz o que tem na consciente se tem a intenção de comungar, não há padre no mundo que seja capaz de negar a comunhão a qualquer um dos seus fiéis. Lembro que os homens têm leis muito intolerantes, ás quais Deus diz nas biblia Eles mandam-vos fazer coisas que nem eles são capazes de fazer (eles são quanto a mim os padres ou os rabinos). Também lembro de ter lido na bíblia que Jesus filho de Deus feito homem, não condenou nem a adultera nem a prostituta, dizendo porém quem entre todos não pecou que lhe atire a primeira pedra. Eu sou católica praticante, mas reconheço que os padres abusam com as penalizações e reprimendas, mas eles são homens, não são seres divinos, por esse motivo a verdade deles por vezes pode ser contrária à minha, eu sigo a minha converso com o meu Deus Tolerante e amigo, e que não me condena. Tenho sempre a paciência para compreender a missão de um padre.
Esta é uma polémica interessante...
Que diabo deve a Igreja Católica fazer? Deixar de defender os valores que defende? Fingir que ignora o que se passa e assobiar para o lado? Fazer um referendo entre os crentes para ver quais são os hábitos da vida moderna que devem ser incorporados nas suas leis e recomendações, e actuar em função disso?
As questões anteriores, algumas quase em tom de brincadeira, não deixam de ser relevantes, uma vez que colocam qualquer religião, e não apenas a católica, confrontadas com uma realidade que lhes levanta grandes dificuldades. Entre a defesa da abstinência fora do casamento e o uso do preservativo, haverá, do ponto de vista de uma religião, um meio termo? Pode alguma vez a religião advogar o uso do preservativo, sem perder autoridade moral (parecendo perfeitamente hipócrita), para pregar a abstinência fora do casamento?
Não sendo religioso, não deixo de perceber a dificuldade que estas situações colocam à Igreja Católica, mas não só.
Não me choca, de modo algum, que cada um defenda as suas convicções de modo sonoro e audível. Por mim, só faço o que a minha própria consciência determina, mas não deixo de ter apreço por quem manifesta as suas sem hesitações. De hipocrisias está o mundo cheio, e estes pontos de vista têm a vantagem de destacar alguém que se bate pelas suas convicções contra o "politicamente correcto" (cá está ele de novo!).
Hoje em dia as pessoas têm a ideia de que tudo se pode fazer sem esforço: tirar o país do estado em que está sem sacrifício, ser crente sem sacrifício, ter saúde sem sacrifício, etc, etc. Por mim, saúdo a coragem do padre e acho que não é nada hipócrita. Já os crentes...
A Igreja só tem é que se adaptar aos tempos actuais.Não pode continuar com os mesmos principios como se estivesse na Idade Média.Acho que é mesmo hipocrisia do padre (ou da igreja) ter como principio que só pode comungar quem não usa preservativo.E quem usa?Tem que deixar de ser crente? Ag
Os princípios, os aspectos essenciais de uma convicção religiosa, não me parece que possam ser alterados com essa facilidade. O uso do preservativo, enquanto observador externo, que não religioso (e, por consequência não católico), não me parece um princípio da Igreja Católica, mas algo que lhe está associado sim - a ideia do sexo apenas dentro do casamento que, levada à prática, equivaleria à inutilidade do preservativo. Bem sei, falamos da utopia, mas não é isso a religião?! E poderia a Igreja Católica abdicar desse princípio? Ou do princípio da defesa da vida?Com franqueza, não me parece.
Quem é crente, na minha opinião de não crente religioso, obviamente tem de se sujeitar aos princípios fundamentais da religião da qual se diz crente, porque senão essa profissão de crença, ou melhor, de adepto de determinada religião, não passa de uma farsa, porque não é possível ser-se fiel de uma causa das quais se renegam princípios fundamentais. É óbvio que as pessoas, no seu confortável comodismo, se dizem crentes, muitas vezes, sem terem a clara noção daquilo que essa afirmação implica. Mas não podem levar a mal que quem leva a sério a respectiva adesão a uma convicção religiosa, lhes apresente a factura.
Rui:
A Igreja é uma instituição secular e com principios seculares.Por isso,se quer continuar com os seus crentes tem que ser mais flexivel e até adaptar-se aos tempos actuais.Acontece que se não for assim, terá pessoas que dizem de uma forma e fazem de outra o que as tornará hipócritas.Ag
Agostinho,
Lamento mas não concordo inteiramente com essa opinião. A Igreja Católica (ou as outras religiões, para o caso) defendem princípios, não ideias da moda. Os princípios não se mudam por falta de crentes. Se se mudam, é porque afinal não são assim tão importantes que possam ser considerados princípios, o que seria uma constatação muito mais séria!
Não vejo a religião como um concurso de popularidade. Se os crentes não se revêm na religião, repito, no que diz respeito a aspectos centrais dessa religião, são eles que têm de mudar, abandonando a religião, e não o contrário.
Isto não significa que eu defenda que as instituições como as religiões sejam imutáveis, mas não podem mudar naquilo que têm de essencial, a menos que reconheçam que estavam a cometer erros grosseiros. Ora, se quisermos olhar, por exemplo, para a questão do preservativo, o que é que defendes? Que a Igreja Católica passe a aceitar o sexo fora do casamento? E que reconhecesse que a defesa do sexo no contexto do casamento e apenas nesse, como algo em que tinha errado até agora?
E só mais uma coisa: o facto de os crentes serem hipócritas, é um problema da religião ou um problema dos crentes? Como é que a religião distingue os hipócritas dos que não o são, quaisquer que sejam os princípios "em vigor" num determinado momento?
Rui:
Concordo inteiramente com o que dizes, mas também sabes que essa não é a realidade.Se os crentes têm que mudar e se não acompanhar a evolução dos tempos, então ainda teremos aqueles que defendem a inquisição para os pecadores.Aqui foi a igreja que mudou e não precisou de mudar os seus principios.Se assim não for, não sei onde a igreja irá buscar seus crentes, porque não acredito que quem é crente e são milhões que não usem o preservativo (dentro do casamento é o que eu defendo)ou outro como método de contacepção.Ag
Digo, contraceptivo.Ag
Agostinho,
Eu concordo com a necessidade de evolução de qualquer instituição, ou de qualquer pessoa, em função da evolução geral da sociedade. A minha objecção é em relação às questões de princípio, e à evolução nas questões de princípio. Nessas, a evolução tem de ser vista com particular cuidado, de modo a que não se ponha em causa a identidade da instituição em questão (a nível individual a coisa é bem mais simples).
Eu acho que a visão da Igreja relativamente ao preservativo e ao uso de anticoncepcionais é estúpida, e penso que o uso respectivo não atenta contra do direito à vida, embora admita que a "permissão" descuidada por parte da Igreja poderia colocar em causa a mensagem relativa à sexualidade apenas no contexto do casamento. O que me parece é que, de um modo geral, as restrições aplicadas cegamente levam sempre a situações absurdas. Um exemplo disso seria o de um casal, com um dos parceiros com Sida (contaminado, por exemplo, por transfusão sanguínea), em que o uso do preservativo seria essencial para preservar do contágio o conjuge. Como é que isto, à luz de qualquer religião, poderia ser proibido?
Eu acho que as grandes instituições com visões gerais da sociedade (Igreja, partidos políticos), acabam sempre por ser espaços de restrição da liberdade individual. É (também) por isso que me mantenho fora delas. Em consciência não me acho capaz de aceitar dogmaticamente o que quer que seja que me seja difícil de compreender racionalmente!
Rui:
Quando eu digo hipócrisia dos crentes (com algumas ressalvas) estás a entender-me muito bem, porque não acredito que os milhões de crentes não usem contrapceptivos e tenham o sexo como finalidade da procriação como defende a igreja.Acho que é neste ponto que a Igreja terá que ceder, sem pôr em causa os principios que defende.Ou como tu citas " casal com sida" a igreja tem que fazer que não sabe de nada e neste caso está ela a ser hipócrita.Se conjugar-mos estes dois factores, os crentes ou a igreja terem um papel hipócrita conforme as circunstãncias, chegaremos à conclusão que algo tem que ser mudado.Ag
Agostinho,
Concordaria com o facto de o que me parece importante não é o uso ou não de preservativo, mas a expressão da sexualidade no contexto definido pela Igreja, embora me parece que a visão reducionista voltada exclusivamente para a reprodução também não tem grande sentido hoje em dia. Por isso, se o que se pretende defender é a sexualidade pós casamento e apenas nesse contexto, que se defenda, sem ser por interposto preservativo.
Carlos,
Calma, ninguém contestou a liberdade do padre exprimir a sua opinião - eu até o elogiei por isso. Mas o facto de ele a exprimir não significa que todos temos de concordar com ela! E num contexto analítico como é o que o blog pode proporcionar, qual é o mal de os não crentes e não praticantes expressarem as respectivas opiniões? Aliás, muitas vezes a perspectiva de quem não se vê directamente envolvido no problema pode permitir a abordagem de perspectivas que quem está mais envolvido pode não ter...
Carlos,
Podemos, sem dúvida, olhar para a questão pela mera leitura da letra do artigo. Não a disputo. Mas a questão central é a de saber se essa é a perspectiva mais adequada. Será? E eu interrogo-me sobre quantas vezes aquilo que estará na letra da lei será efectivamente aplicado. Porquê só neste caso, e só este padre, prontamente "colocado" no seu lugar pelo próprio Cardeal de Lisboa?
Por outro lado, se bem me recordo dos meus tempos de catequese e da experiência de Igreja que tive enquanto miudo, a Igreja Católica é um espaço de tolerância, em que celebra o regresso do filho pródigo, se perdoa o "pecado". Esta atitude será compatível com isso?
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