abril 14, 2009

Por que razão os professores recuaram?

1. Há mil e uma razões que explicam o recuo dos professores. Vou apontar algumas.
2. Os professores foram o único grupo profissional que aguentou uma guerra de desgaste com um Governo de maioria absoluta durante quase quatro anos.
3. Não é possível estender durante muitos anos uma guerra contra um Governo que dispõe de maioria absoluta e que faz uso da propaganda, da ameaça e da demagogia como nenhum outro fizera até então.
4. Não é possível resistir durante muito tempo a um adversário que faz uso da guerra total, que usa todos os instrumentos repressivos ao dispor e que ataca simultaneamente em todas as frentes. O Governo, o ME, as DREs e a DGRHE foram a mais formidável máquina de guerra alguma vez usada, no nosso país, contra uma profissão. Conseguiram fazer recuar os professores mas romperam definitivamente a confiança que os professores tinham na administração educativa, quer a do topo quer a intermédia.
5. A fraqueza do maior partido da oposição tornou quase impossível a vitória dos professores sobre o Governo. Quando o PSD escolheu Manuela Ferreira Leite para líder, disse ao país - e os professores ouviram - que não estava na luta para ganhar eleições, mas apenas para sair delas com uma derrota pouco pesada. Foi a partir dessa altura que os professores começaram a perder a esperança de derrotarem Sócrates e o PS.
6. O Governo aproveitou a desistência do maior partido da oposição para lançar duas poderosas armas sobre os professores: o decreto regulamentar 1-A/2009 (regime simplificado de avaliação de desempenho) e o decreto regulamentar 1-B/2009 (que fixa os suplementos remuneratórios dos directores). Com essas duas armas, o ME atirou para cima dos conselhos executivos a responsabilidade pela avaliação dos professores e envolveu-os numa manobra de sedução.
7. Quer isto dizer que os professores saíram derrotados? Só o saberemos em Outubro. Se o PS perder a maioria absoluta, a resposta é negativa. Se voltar a ganhar a maioria absoluta, a resposta é positiva.
8. E o que fazer até lá? Não há muita coisa que os professores possam fazer porque dois terços desistiram da luta quando entregaram os objectivos individuais. Lamento dizê-lo, embora saiba que a maioria o fez com lágrimas nos olhos. Até ao final do ano lectivo, talvez os sindicatos e os movimentos consigam mobilizar trinta ou quarenta mil docentes para uma nova manifestação em Lisboa. Receio que não seja possível mais do que isso.
Texto retirado do Blog Prof. Avaliação

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