dezembro 02, 2004

DUAS VEZES DE ACORDO

Errar é humano. Erramos todos e os Presidentes também. Nem sempre estive de acordo com o Presidente Sampaio. Nem com outros Presidentes. Sempre que a minha consciência me diz - "não vás nisso", discordo e pronto. Sou frontal e digo porquê. Teimoso q.b. e suficientemente lúcido para deixar "torcer antes de quebrar". Basta que me provem que não tenho razão.
Desta vez, por duas vezes, estive de acordo com Sampaio. Ao empossar Santana Lopes, o Presidente agiu em nome da legitimidade democrática sufragada em eleições. Vota-se em Partidos e programas, e não em homens. A coligação mantinha-se. A crise também. Havia dificuldades a vencer e a casa para arrumar. A saída de Durão era um acidente de percurso e o número dois do PSD ( para isso existe o número dois ) merecia o benefício da dúvida. Legítimo, leal, apesar do coro de protestos de PS's, PC's, Independentes de Esquerda, Personalidades de coisa nenhuma, Bloquistas e afins.
Havia porém uma situação que não passou ao lado do Presidente. (penso eu de que)
O PS - Fragilizado na liderança e com o processo Casa Pia a morder-lhe os calcanhares.
O PC - Com a mais que pressentida saída de Carvalhas.
O BLOCO - É o Bloco.
Havia portanto, e por desarrumação do leque partidário, razões de sobra para conferir à "maioria-coligada" o exercício da governação. Sampaio acreditou e, na minha opinião, fez bem.
Quatro meses depois de verificar sucessivos falhanços e de testar Santana Lopes, (Túnel do Marquês, Parque Mayer,Casino Lisboa, não eram grande curriculum) Sampaio anota e bem que a Colocação de Professores atinge proporções quase surreais. A Comunicação Social, pressionada, é obrigada a demissões. A Central de Informação é, a tempo, travada. O aumento da despesa pública cresce com a admissão dos novos "boys". O Congresso do PSD, legitima o líder candidato único mas com divisões que se estendem à coligação. Remodelação. Alterações de ultima hora na atribuição de pastas, que saltam sem sentido. Demissão de um Ministro, quatro dias depois da posse, com acusações graves ao "amigo e chefe". E o Presidente toma notas. E vem a incubadora de triste memória e a paciência esgota-se. Santana Lopes, por quem tenho estima pessoal, afundou todos os sonhos. O de querer ser Presidente da Republica. Primeiro Ministro. Presidente da CMLisboa.Infant-Terrible. Presidente de um partido que já pede um Congresso Extraordinário.
Vigilante e atento, Sampaio não tem outro remédio. Dissolve o parlamento, convoca eleições, e em Fevereiro voltaremos a dizer que o povo portugues deu mostras de grande civismo e maturidade politica em mais um acto eleitoral. A Democracia repete-se e isso é bom. Sampaio, pela segunda vez, fez bem.
JC

6 comentários:

arte disse...

Meu caro Luis.
Falo da crise presente. Por norma e disciplina mental não misturo situações. Nem sei quem era o numero dois do PS na altura, nem agora. Sei que os "abandonos" - prefiro a expressão FUGIR - se pagam caros em politica. Guterres, ao fugir, pagou por isso nas urnas. O pior de tudo isto é que quem paga sempre, somos nós. Abraço JC

arte disse...

Luis. Peço desculpa do tipo de letra que estou a usar. Só agora reparei que deveria ser "small" mas como sou um "nabo" informático, não consigo mudar esta coisa. Depois, como escrevo em dois pc's diferentes ( o portátil e o fixo ) a coisa fica um pouco complicada para mim. As minhas desculpas. JC

Ricardo disse...

Antes de mais, parabéns por esta interessante iniciativa! É muito difícil haver viabilizar este tipo de projectos com vários contributos. Para já promete.

Quanto a este post em particular, devo dizer que discordo por uma razão que vai contra o meu próprio entendimento do semi presidencialismo. Na decisão de há quatro meses a lógica dizia que não devia haver dissolução. Mas depois havia Santana Lopes. Não o encaremos como um simples nome, mas sim como algo que cheira a desastre! Mesmo que a oposição não ganhasse só um Primeiro Ministro com mais legitimidade poderia suprir as falhas do "nome" sem credibilidade. E foi o que se viu, quatro meses da vida de Portugal sem rumo (mais dois até as eleições), num momento em que o nosso país não podia cometer mais erros. Não dou como garantida a derrota de Santana em Fevereiro mas mesmo essa situação era melhor que eleger um "nome" não credível sem legitimidade popular! Já estamos há cinco anos em total desgoverno com as consequências à vista!

Ricardo disse...

Mais um comentário agora para comentar os comentários. Não houve sucessão para o número dois do PS porque o PS, bem na minha opinião, queria eleições (bom exemplo de desapego ao poder).

Quanto a Guterres e a sua "fuga"... o grande erro dele foi não ter dado um murro na mesa antes. Logo após ter ganho quase com maioria absoluta não conseguiu aprovar um unico orçamento. Antes da solução Limiano devia ter exigido a aprovação ou demitia-se! A segunda aprovação foi a gota de água e Guterres sabia que ou ia a eleições ou estava tudo paralisado (o famoso pântano). Só o critico por não se ter recandidatado, mais nada!

arte disse...

Embora poucos acreditem no que diz Alberto J. Jardim e também das muitas "atordoadas" que diz, na minha opinião,outras tem um fundo de verdade e se calhar até acertou na teoria da conspiração.
Ag

Anónimo disse...

Também fiquei desiludida com Santana Lopes. Se acho que Sampaio tomou a decisão correcta.. não sei. Talvez fosse preciso um pouco mais de tempo. Novas eleições significam mais gastos, numa altura em que a economia não anda na sua melhor forma. A ver vamos... Parabéns por este novo cantinho. Carla