dezembro 07, 2004

Associativismo cultural de hoje...

... contributos para uma maior consciência cidadã no futuro.
A emergência de novas formas de associativismo obriga, no presente, à redefinição de estratégias no sentido de serem encontrados modelos alternativos que possibilitem a cooperação efectiva entre o Ministério da Cultura (responsável pela definição das políticas nacionais nesta área), as autarquias (a quem compete a prossecução dos interesses locais) e a sociedade civil (incluindo os grupos de cidadãos organizados de modo mais informal) para que, em conjunto, se possam estabelecer parcerias que contribuam para a dignificação social e cultural da população.
Os municípios, em particular, não podem continuar a alhear-se da realidade. É urgente incentivar a partilha de experiências com a sociedade civil e, através do apoio logístico (cedência de instalações e/ou equipamentos, por exemplo), apoiar o desenvolvimento de actividades que contribuam para democratizar o acesso à cultura, um meio que, tradicionalmente, é bastante elitista (sobretudo ao nível da produção e criação, mas também no que se refere à recepção). Fidelizar públicos é importante, todavia alargar horizontes de referência deve ser a prioridade.
Face ao exposto, a missão do associativismo cultural, na minha opinião, só pode ser uma: a educação para a cidadania, um papel primordial que algumas colectividades almadenses têm vindo a assegurar desde a sua criação! Através da realização de iniciativas de carácter plural (conferências, debates e tertúlias; apresentação de espectáculos de música, dança ou teatro; inauguração de exposições de arte e edição de publicações específicas, etc.), é possível promover a solidariedade social, o convívio inter-geracional, valorizar os artistas da região e contribuir para incrementar hábitos de cidadania activa e fruição cultural na população local.
E termino este breve apontamento referindo que, é indispensável a clarificação da política de atribuição de apoios financeiros concedidos pelas Câmaras Municipais às associações e arranjar meios alternativos para subsidiar os programas e acções que estas desenvolvem, nomeadamente através do recurso ao mecenato cultural (há que sensibilizar os empresários para a importância da cultura no desenvolvimento económico e social de cada região).
ET

3 comentários:

Anónimo disse...

Há autarquias com mais sensibilidade para apoiar o associativismo do que outras.Sabendo que é uma das formas de cultura nos seus concelhos, incentivam mesmo a realização de actividades culturais.Falo neste caso da Camara Municipal de Tondela que embora sendo uma Camara pequena é uma das que tem mais associações no País.Uma das mais conhecidas é a ACERT de Tondela.
Ag

Anónimo disse...

Para 100 Chaves: os horizontes a que me refiro podem ser todos aqueles que cada um queira vislumbrar. À sua medida, da forma que quiser, sem pressões, de forma a que todos possamos apreciar toda e qualquer expressão artística, sem amarras, isto é, sem juízos precipitados, fruto da incompreensão estética, ou tão só, educacional. Cultura para todos, seja ela popular (não popularucha, evidentemente – essa também não me agrada, logo não a defendo) ou mais erudita, não quer dizer massificação da cultura mas apenas que todos têm direito de aceder, de fruir, os bens culturais que são colocados à sua disposição. Daí a consciencialização das autarquias ser um factor muito importante no traçar desse caminho. Assina: ET

arte disse...

Para Agostinho: Muitas autarquias apoiam as colectividades e associações existentes nos seus concelhos, é verdade. Todavia, por vezes fazem-no aleatoriamente (ou consoante as simpatias e/ou cores partidárias dos dirigentes,embora isso não seja explicíto, como é óbvio). Em Almada, por exemplo, um concelho com forte tradições ao nível do associativismo popular (existem mais de 200 clubes, associaições e/ou colectividades, de desporto, cultura e lazer, apoio social, etc...), a respectiva Câmara Municipal não tem um regulamento que torne públicas as regras do jogo. Percebes? Assina: ET